Segundo o filósofo Pierre Lévy, toda tecnologia cria seus excluídos. A população que está por fora do mundo digital ou não sabe manusear aparelhos tecnológicos, fica à margem das oportunidades construídas pela tecnologia.
No Brasil, enquanto discutimos o analfabetismo funcional, outros países voltam a sua atenção para a questão do analfabetismo digital, a incapacidade em “ler” o mundo digital numa sociedade que é, cada vez mais, depende da tecnologia.
De acordo com o IBGE são 11 milhões de analfabetos funcionais no nosso país. No entanto, 40 milhões de brasileiros não têm acesso à internet e 170 milhões não sabem utilizá-la corretamente. Ainda segundo o estudo Brazil Digital Report conduzido pela consultoria global McKinsey, o apontamento é de que até 2030 haverá um déficit de 1 milhão de profissionais de TI. Esses números de efeitos devastadores mostram que o Brasil ainda tem seu avanço travado pelo nível de preparo em educação digital. Como coloca Ebenezer Meneses, Dr. em Educação pela USP, essa “exclusão tecnológica” gera “fossos econômicos” e apresenta uma nova forma de violência velada que leva a um modo sutil de manter e ampliar desigualdades.
É necessário que a educação tecnológica aconteça mais cedo, ainda no ensino básico, para que estudantes tenham acesso a essa poderosa ferramenta de inclusão e desenvolvimento socioeconômico. Pensando nisso, o Instituto Alpha Lumen de apoio ao talento (IAL) e o Massachusetts Institute of Technology Brazil (MIT Brazil) lançam em 2021 um programa de Educação Tecnológica, abrangendo múltiplas plataformas para o acesso, motivação e aprendizagem de tecnologias da informação, programação e robótica.
Esse programa traz a expertise de ambas as instituições no cenário da educação e da tecnologia e pretende atuar junto a estudantes dos Ensinos Fundamental II e Médio em todo o Brasil. “Nossa meta é levar esse programa para todas as escolas do país, priorizando as públicas. Diversas ações dentro do programa permitirão também a identificação de jovens talentos para a área de tecnologia trazendo mais oportunidades para que esses estudantes possam se aprofundar e descobrir vocações” – declarou Nuricel Villalonga Aguilera, Diretora-Fundadora do Alpha Lumen e do projeto Alpha EdTech. O programa tem o apoio de grandes empresas nacionais e internacionais que entendem a união entre educação e tecnologia como uma importante solução para alavancar o desenvolvimento do nosso país.
O pontapé inicial será dado no dia 16 de agosto com o lançamento da OBT – Olimpíada Brasileira de Tecnologia cuja realização conta também com o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). A OBT é uma olimpíada que visa apresentar mais de perto a área de TI (tecnologia da informação) a estudantes e professores de escolas em todo o território nacional, mostrando-a como opção poderosa para a geração de soluções efetivas para a sociedade. Todos os participantes receberão certificado de realização da olimpíada, e também de participação nos minicursos ou webinars que serão oferecidos ao longo da preparação. Os estudantes, mais bem classificados na OBT, receberão medalhas, computadores e outros prêmios e ainda, poderão participar da Escola Avançada de Programação, curso ministrado pelas equipes da Alpha EdTech, MIT Brazil e do ITA e também contará com profissionais de TI de grandes empresas Brasil e do exterior. Os professores mentores das equipes melhor classificadas receberão prêmios em dinheiro e troféus.
Importante é destacar que a OBT será uma das portas de entrada para o Alpha EdTech Jr, curso de programação on-line gratuito para alunos da Rede Pública de Ensino – Fundamental II e Médio onde, além atividades de programação e soft skills, contarão com a mentoria de profissionais das grandes empresas parceiras do projeto, nacionais e internacionais.